O conhecimento dos lugares, das regiões e do mundo sempre foi motivo para o homem se deslocar pela superfície do planeta em busca de terrenos propícios à sua sobrevivência. Ao longo de toda a história da humanidade, pelas suas andanças, os homens sempre se depararam com as formas da superfície terrestre.
É demasiadamente difícil conceituar e esclarecer o que é a natureza, visto que envolvidos interna e externamente por ela nossas ideias a seu respeito ainda transbordam das externalizações advindas da revolução mecanicista dos séculos XVII e XVIII. Nossa visão da natureza ainda é profundamente baseada na separação entre objeto e sujeito, característica básica do racionalismo que consubstancia na prática a sólida ideia do homem como um ser acima do meio natural.
A construção de uma nova mentalidade humana frente à natureza e ao destino cósmico ao qual toda a humanidade está submetida demanda o conhecimento e a comunhão de diferentes saberes, científicos ou não. É preciso conhecer para entender. O conhecimento ajuda a edificar as virtudes necessárias a uma nova mentalidade humana, desde que cada pessoa, ajudada por esse conhecimento, encontre sentido em sua realidade quotidiana e nos propósitos de sua vida.
O estudo do relevo é parte do conhecimento da natureza e da própria história da jornada humana pela Terra. Estudar o relevo significa falar das características naturais e físicas do espaço e de como essas características estão relacionadas à vida do homem. A geomorfologia é uma ramificação das geociências que se preocupa com o estudo das formas do relevo da superfície do planeta, sejam elas terrestres ou submarinas. Ela investiga a geometria, a gênese, a idade e a dinâmica das formas da superfície terrestre. De acordo com Guerra e Guerra (2001), a geomorfologia:
(…) é a ciência que estuda as formas de relevo, tendo em vista a origem, a estrutura, a natureza das rochas, o clima da região e as diferentes forças endógenas e exógenas que, de modo geral, entram como fatores construtores e destruidores do relevo terrestre (Guerra e Guerra 2001, p.203).
Nesse sentido, a geomorfologia mantém relações estreitas com outros saberes científicos; não só com a geologia e com a geografia, cujas perspectivas fundamentam sua sistematização, mas também com a pedologia, botânica, climatologia, cujos objectos de estudo interferem no dinamismo e na evolução do relevo.
As escalas espaciais e temporal na abordagem do relevo
As dimensões das diferentes formas do relevo, principalmente aquelas de maior amplitude como os planaltos, planícies e depressões, nos chamam a atenção para um ponto imprescindível no entendimento do relevo: o de que foge aos nossos olhos uma visão completa de algumas formas do relevo, principalmente aquelas de maiores amplitudes. Existem, portanto, variadas formas e diferentes tamanhos do relevo na contínua e imensa superfície terrestre e “os diferentes tamanhos de formas estão directamente associados à cronologia e à génese.
Relacionar determinado tipo de relevo ou conjunto típico de formas a uma determinada estrutura geológica é um exercício perigoso para não dizer uma simplificação errônea. Visto que conjuntos semelhantes do relevo aparecem em unidades estruturais diferentes, o que se verifica é que não há um relevo típico para cada estrutura geológica.
Algumas noções aplicadas ao processo de ensino-aprendizagem do relevo
o ensino de geografia foi visto simplesmente como meio de fazer conhecer aos alunos o que o país possuía em termos naturais e sociais, o relevo foi tratado pelos livros didáticos e pelos professores como algo estanque, desvinculado das relações entre a sociedade e a natureza e da realidade dos discentes. A tradição positivista, tão presente nos meios de formação acadêmica e escolar, fez com que a compreensão do relevo nos estudos geográficos se restringisse à constatação da simples localização dos “acidentes geográficos” de um país ou região.
Actualmente, reclama-se por um ensino que seja capaz de lidar com as partes e com o todo a fim de levar à compreensão de uma realidade complexa em suas múltiplas dimensões. É nesse sentido que se quer situar os conhecimentos geomorfológicos, contextualizando-os no seio das relações entre sociedade e natureza e tornando-os menos abstractos aos alunos, de acordo com o objetivo de conhecer o funcionamento da natureza em suas múltiplas relações, como proposto pelos Parâmetros Curriculares.
A construção de conceitos como meio de aprendizagem
A linguagem escrita é um importante mediador entre o aluno, a construção do conhecimento e o professor. É por meio dela, na maioria das vezes utilizada através do livro didáctico, que se dá a formação de conceitos e a desejada articulação destes com a vida quotidiana por parte do aluno. A importância do pensamento conceitual está directamente ligada ao processo de aprendizagem realizado pelo aluno através da sua capacidade de abstracção e dos estímulos exteriores que lhe chegam por meio dos sentidos. Os conceitos científicos ensinados pela geografia na escola estão repletos das representações sociais e das imagens trazidas pelos alunos das suas interacções socioculturais e experiências individuais. A geografia trabalha com conceitos que fazem parte da vida quotidiana das pessoas e em geral elas possuem representações sobre tais conceitos.
É importante ressaltar que o conceito deve ir ao encontro dos significados já construídos pelo aluno; não simplesmente para lhe mostrar o que há de incongruente em seu raciocínio, mas para efectivar o conceito como uma explicação plausível e de assimilação significativa.
Relações entre natureza, paisagem e o relevo
Os conceitos de natureza e paisagem estão intimamente ligados pelas representações mentais construídas pelos alunos ao longo da vida. No que se refere ao ensino do relevo é preciso procurar estabelecer relações coerentes com o clima, a vegetação, os rios, para se entender os mecanismos naturais que o constituem; e com a sociedade para apreender como e em que medida as diversas atividades humanas interferem em suas formas e modificam-nas.
A vertente como categoria de ensino do relevo
A vertente pode ser entendida como uma forma tridimensional da superfície modelada pelos processos desnudacionais actuantes no presente e/ou passado, representando a conexão dinâmica entre o interflúvio divisor de águas e o talvegue eixo mais baixo do fundo de um vale por onde escoam as águas. Ela pode ser tomada como componente básico do relevo em termos de menores amplitudes.
A abordagem do relevo através das vertentes pode levar os alunos da realidade concreta familiar a eles lugar à totalidade dos fenómenos que regem a estruturação da superfície terrestre. A vertente abre caminho para o entendimento de processos gerais de esculturação do relevo a partir daquilo que é facilmente percebido em nível local.
 
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